A Fotografia
A Fotografia – história, registro e memória
No outro dia pesquisei no google as palavras fotografia e antropologia
por curiosidade. Fotografia pois está relacionado com este blog e antropologia
porque frequentei o curso embora não o completasse. Sobre o que li
elaborei um texto, a grosso modo, que no fundo revela a importância da
Fotografia.
A Fotografia é hoje mais do que nunca acessível a todos
apesar da sua história recente. Deixou de ser apenas um testemunho ou fonte
documental e passou a fazer parte do nosso quotidiano sendo uma forte ferramenta de
comunicação e de expressão. Eterniza acontecimentos e estes ficam universalmente acessíveis. Isto é, uma foto é visualizada sem necessidade de se
saber um código, ao contrário do que acontece com a escrita onde é preciso
saber ler um determinado código para o entender. Desta forma, pode-se dizer, que se torna um
tipo de linguagem mas não uma língua. Como já foi referido uma foto torna-se
uma documentação literal de um momento, o que já não acontece com a escrita. Não
podemos negar que a escrita tem tido milenarmente o papel de transmissão
cultural, para além do espaço e tempo, e que é construtora do nosso passado e história. Mas é com a fotografia
que podemos captar visualmente momentos, que apesar de não se voltarem a
repetir, os poderemos voltar a visualizar. Temos assim retratos fiéis
comparativamente com a memória que teríamos dos mesmos. Aliás as memórias como
sabemos apresentam a fragilidade de poderem ser esquecidas e mal memorizadas/armazenadas.
Por isso não prescindimos das nossas fotografias de família ou de viagens como recordação.
Partilho convosco uma curiosidade que encontrei que foi a
posição do filósofo Claude Lévi-Strauss em relação à fotografia. Este apesar de
recorrer ao registo fotográfico a par com os registos etnográficos, enquanto
antropólogo, para ele uma foto era apenas um comprovativo, um documento e por
isso uma arte menor, algo mais morto e sem vida própria. Vai mais longe estabelecendo uma diferença
entre arte e fotografia. A fotografia como reprodução literal, com limitações
técnicas, e a arte um conjunto entre saber + reflexão + sensibilidade. Esta
visão de Lévi-Strauss de que a fotografia só capta o tangível sabemos que está
ultrapassada e que o fotógrafo pode ser visto como um artista com uma abordagem
do mundo à sua volta pouco ou nada mecânica. Do outro lado da objectiva tem-se
ainda o poder de captar algo não palpável como as emoções, por isso considero
que a fotografia capta mais que o tangível. Porém nem tudo o que este filósofo afirmou
é inteiramente errado, nomeadamente quando dizia que “as fotografias transformam
e ampliam a nossa visão do que devemos olhar”. Sim, é comum referirmos que com
a fotografia passámos a olhar com outra atenção e sensibilidade ao que nos
rodeia.
A fotografia, é portanto, mais que um apêndice da escrita, ela fala por si e resiste ao
tempo e à cultura. É igualmente um backup da nossa memória e um testemunho de tudo aquilo que será inevitavelmente
apagado pelo tempo. Para terminar deixo-vos com as palavras sábias de um
grande fotógrafo:
"De todos os meios de expressão, a fotografia é o único que fixa para sempre o instante preciso e transitório. Nós, fotógrafos, lidamos com coisas que estão continuamente desaparecendo e, uma vez desaparecidas, não há mecanismo no mundo capaz de fazê-las voltar outra vez. Não podemos revelar ou copiar uma memória".
Henri Cartier-Bresson