Da janela...


Com que frequência vamos à janela e olhamos para o céu, seja de noite ou de dia, com olhos de ver?

Confesso que não o faço tanto como gostaria, seja ao ar livre ou através de uma janela, tudo parece absorver a atenção. Felizmente os meus "sensores" reclamam quando não tenho uns minutos para contemplação.

Menos vezes o faço acompanhada da máquina fotográfica. Há um filme sabotador produzido pelo lado esquerdo do meu cérebro que diz que não vale a pena pois é sempre a mesma vista. Claro que não é! O espaço pode ser o mesmo retirando liberdade fotográfica mas a natureza contraria variando de cenário. Estas fotos são um exemplo disso, acabei por reuni-las por acaso pois não têm consistência para serem um projecto fotográfico. Do mesmo local mais ou menos ao longo de um ano.











Mas queria falar um pouco mais expressando que não tenho dado muita prioridade à fotografia. Esta já se revelou mais essencial em certas alturas de vida mas de momento faz parte, quase diariamente, sem ser vício.

Tudo vai mudando e a fotografia que fazemos, quando e como, também revela essas mudanças e opções. O meu estilo de fotografar penso que não mudou muito, quem vê de fora e ainda me acompanha desde o inicio deve ter uma melhor perceção disso. Eu própria noto que tenho um estilo, se calhar é aborrecido até para mim, mas é aquele que gosto. Não é minha preferência fotografar coisas óbvias; gosto de usar baixas profundidades de campo; adoro brincar com ângulos; usar foco seletivo; não gosto de fotografar pessoas em poses forçadas. Essencialmente gosto de uma fotografia onde possa aplicar a minha liberdade de ver as coisas, e muitas vezes fotografar as partes e não o todo.

Admito ser complicado aceitar que não me adapto a certos estilos de fotografia ou que não tenho a capacidade técnica para dominar certas situações, porém começo a aceitar que o meu estilo é o meu estilo e que não posso ser perfeita ou agradar a fulano x ou y em particular. Porque não é esse agradar a alguns gostos que vão validar ou não as fotografias que faço. Eu valido e critico o que faço, e não considero ser esta uma posição arrogante. Para além disso desde quando a criatividade anda de mãos dadas com o agradar? Ou desde quando tem que se pedir permissão para ser criativo? Criatividade é liberdade, é expressão, é comunicação.

Mas para além das coisas que disse há outros fatores que têm influência na minha ausência dos posts e que passo a escrever. Alguns não são politicamente corretos de se escreverem mas acredito que de algum modo sejam transversais à malta da fotografia.
  • Falta de tempo e por vezes inspiração;
  • A ilusão do perfecionismo;
  • A falta de estímulo em partilhar quando não somos reconhecidos e somos trocados pela adoração de fotos menos bem executadas (quando a tecnologia está lá para ajudar). Corrijo, a adoração é suposta ser a quem tira as fotos e não às fotos em si. 
  • O não "regar as plantinhas" (ou ego) dos outros para me virem regar as minhas. Inevitavelmente ao longo do tempo tem como consequência um decréscimo de visitas. (Quem achar que estas 2 últimas razões são feridas no ego eu asseguro que é apenas bom gosto e olhos na cara)
  • A possibilidade de afastar as pessoas que me seguem não pela fotografia mas por aquilo que escrevo, e como tal com pouca relevância para um blog de fotografia. (Se tivesse o ego ferido não partilhava esta vulnerabilidade)
  • Uma natureza habitual de partilha alternada com a sombra de não escrever nada gerando assim uma inconstância.
Finalizando, e para os que chegaram aqui, apenas quero acrescentar que hoje quis regar as minhas plantinhas, porque acima de tudo é responsabilidade e trabalho que me compete, e o estímulo de hoje foi mesmo publicar fotos e escrever independentemente da audiência.

* A expressão "regar as plantinhas" ficou mas não sei quem foi o autor.

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